Estante

memoriasdocarcere.jpgBela filmagem, pelas mãos do pioneiro do Cinema Novo, do importante livro de Graciliano Ramos. O único trecho controverso do filme tem justamente a ver com leitura. Como ninguém ignora, o livro, que não é de ficção mas sim de memórias, foi escrito  enquanto o autor se encontrava preso na Ilha Grande, durante a ditadura Vargas. O filme mostra que, quando veio a ordem de soltura, para que o manuscrito não fosse confiscado os demais detentos de crime comum dividiram entre si as numerosas folhas do manuscrito e as esconderam dentro da camisa. Ora, isso nunca aconteceu. O próprio livro narra como o manuscrito foi perdido para sempre, obrigando Graciliano a escrever tudo de novo após ganhar a liberdade. Uma pequena falsificação idealizante – ou seja, tomara fosse assim... Walnice Nogueira Galvão